segunda-feira, 1 de julho de 2013

Carta Aberta - Frank Ocean



"Quem quer que você seja, onde quer que você esteja, eu estou começando a achar que nós somos muito parecidos.
Seres humanos girando na escuridão, todos esperando para serem vistos, tocados, ouvidos, dignos de atenção.
Meus amados são tudo para mim.
No último ano ou nos últimos três, eu tenho gritado para o meu criador, para as estrelas, por alguma explicação.
Misericórdia talvez.
Por paz de espírito como uma chuva de "mana".
Há quatro verões, eu conheci alguém.
Eu tinha 19 anos.
Ele também.
Nos passamos aquele verão juntos.
E o verão seguinte também.
Quase todos os dias.
E nos dias que estivemos juntos, o tempo voava.
Na maioria dos dias, eu o via, e também via o seu sorriso.
Eu poderia ouvi-lo falar ou o seu silêncio... Até que fosse a hora de dormir.
Às vezes, eu dormia com ele.
Naquele momento, eu percebi que estava amando.
Isso era maligno.
Era desesperador.
Não havia escapatória, nenhuma negociação com esse sentimento.
Sem escolha.
Era o meu primeiro amor, isto mudou a minha vida.
Minha mente me fez pensar nas mulheres que eu fiquei, aquelas que eu me importava e aquelas que eu já pensei estar apaixonado.
Eu relembrei das músicas românticas que eu ouvia quando eu era adolescente.
Aquelas que eu colocava para tocar quando eu ia experimentar uma garota pela primeira vez.
Eu percebi que foram escritas numa linguagem que eu não entendia.
Eu percebi muito, muito rápido.
Me senti sendo jogado para fora de um avião.
Eu não estava em um avião. Eu estava em um Nissan Maxima, o mesmo carro no qual eu coloquei as minhas malas e dirigi para Los Angeles.
Eu me sentei nele e contei para o meu amigo como eu me sentia.
Eu lamentava as palavras assim que elas saiam da minha boca.
Eu me arrependi delas, sabendo que nunca mais poderia voltá-las para a minha boca.
Ele bateu nas minhas costas.
Ele disse cada coisa.
Ele fez o seu melhor mas não poderia admitir o mesmo.
Ele disse que precisava voltar para casa.
Era tarde e a namorada dele estava esperando dentro de casa.
Ele mal me contaria a verdade sobre os seus sentimentos por mim por outros três anos.
Eu me senti como seu estivesse delirando sobre a reciprocidade desse sentimento por anos.
Agora, eu me imagino sendo arremessado de um penhasco.
Não, eu não estou em um penhasco.
Eu continuo no meu carro dizer para mim que tudo vai ficar bem e estou tentando controlar a minha respiração.
Eu controlei a minha respiração e segui em frente.
Eu mantive uma amizade peculiar com ele porque eu não conseguia imaginar a minha vida sem ele.
Eu tentei ao máximo sufocar a mim e os meus sentimentos.
Nem sempre eu conseguia.
Eu estava tentando dançar conforme a dança.
Eu consegui me manter no ritmo por vários outros verões.
Agora é inverno.
Eu estou digitando essa carta num voo de Los Angeles para New Orleans.
Estou voltando para casa após outro natal em família.
Eu estou num assento de janela.
Hoje é 27 de Dezembro de 2011.
Até agora, ou já escrevi dois álbuns.
Eu os escrevi para me manter ocupado e são.
Eu queria criar palavras que fossem mais doces que as minhas.
Eu tentei criar uma forma de suprimir minhas emoções.
Eu estou surpreso com o quão longe eu cheguei.
Antes de escrever esta carta, eu contei para algumas pessoas a minha história.
Eu tenho certeza que essas pessoas me mantiveram vivo, me mantiveram são... sinceramente.
Esses são os caras que eu quero agradecer do fundo do meu coração.
Todos eles sabem quem são... Grandes seres humanos, provavelmente anjos.
Eu não sei o que irá acontecer agora e está tudo bem.
Eu não quero não guardar segredos que não precisam mais ser guardados.
Podem parecer besteiras, você sabe o que eu quero dizer.
Eu nunca estive sozinho, por mais que eu pensasse estar.
Eu nunca estive e nunca estarei sozinho.
Obrigado ao meu primeiro amor, eu sou grato por você.
Eu sou grato que, por mais que não tenha sido o que esperava nem o suficiente, era o bastante.
Algumas coisas nunca são... Mas nos fomos.
Eu nunca irei te esquecer.
Eu nunca Irei esquecer aquele verão.
Eu sempre irei lembrar de quem eu era quando eu te conheci.
Eu sempre irei lembrar de quem você era e como mudamos e continuamos os mesmos.
Eu nunca senti mais amor e respeito pela vida do que eu sinto agora.
Talvez seja necessária uma experiência de quase morte para a gente se sentir vivo.
Obrigado a minha mãe.
Você me criou forte.
Se hoje eu sou forte é porque você foi primeiro... Então obrigado... A todos vocês...
Por tudo de bom.
Eu me sinto um homem livre.
Se eu ouvir atentamente... Eu posso ouvir o céu caindo também."
-Frank


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